Quando jovem em São Paulo, me envolvi em projetos para fabricação de maquetes, um trabalho minucioso e curioso. E uma das partes mais fascinantes era o desenvolvimento de materiais para a fabricação das miniaturas. Na rua Major Sertório existia uma loja de hobbies que vendia trens elétricos, materiais para aeromodelismo e uma infinidade de produtos. O dono já era um senhor de idade e sempre o consultávamos sobre os materiais. Um dia, estávamos conversando com ele sobre uma cola que ainda era novidade, chamada SuperBonder, que era uma coisa. Toda hora um de nós estava com os dedos colados, era um desespero. O dono da loja disse: “Eu sei como limpar a cola dos dedos… Mas não conto de jeito nenhum”.
E não contou! Insistimos, mas ele não contou. Eu não me conformei, e 40 anos depois estou aqui contando a história daquele sujeito que não compartilhava conhecimento, provavelmente por achar que se muita gente soubesse ele teria concorrentes…
Algum tempo atrás, Elon Musk, o criador da Tesla, que está empenhado em lançar o carro elétrico definitivo, começou a implodir um dos monstros sagrados da indústria automotiva mundial: as patentes. A Tesla começou a partilhar gratuitamente diversas patentes de seus carros elétricos. Elon Musk diz: “Se preparamos o caminho para a criação de veículos elétricos convincentes, mas em seguida lançamos minas terrestres sob a forma de propriedade intelectual atrás de nós para inibir outros, agimos de um modo contrário a esse objetivo.” E ele fez o mesmo com programas de inteligência artificial.
Puxa! Elon Musk é bonzinho? Não… ele é esperto. Quanto mais gente souber de suas descobertas, quanto mais gente tiver acesso às ideias, quanto mais gente puder trabalhar a partir de um problema já resolvido, mais rápido surgirão soluções geniais. E ele ainda evita de ter que brigar para proteger suas patentes.
Mas no fundo no fundo, acho que a resposta que Elon Musk dará à pergunta “E os concorrentes?”, será bem simples. Ele dirá: “Deixa que venham. Sou mais eu”.
Como é mesmo? Na economia do compartilhamento, não vence quem tem a ideia, mas quem faz acontecer.
Continuo a reflexão neste vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=VyZPoawmWHY
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