Uma amiga me conta que foi a uma farmácia comprar um creme que estava na área de maquiagem. A atendente pegou o produto e se dirigiu a um computador para verificar preço e outras informações. E minha amiga passou a ser atacada por mulheres por “ser patricinha e furar a fila”. Não adiantou a atendente dizer que era do setor de maquiagem estava apenas consultando uma informação, quem estava na fila dos remédios passou a ofender as duas. Uma situação tão absurda que minha amiga ficou sem ação.
Na sequência recebo uma matéria dando conta de que no jogo Santos e Palmeiras um garoto de 9 anos, da torcida do Santos, pediu a camisa do goleiro reserva do Palmeiras, que a tirou e jogou para o garoto. Se não houvesse intervenção da Polícia Militar o garoto e seu pai teriam sido linchados por torcedores do Santos. Tiveram de sair do estádio escoltados. E o garoto está sendo trucidado em redes sociais, mesmo tempo pedido desculpas e afirmado que é Santista, mas tem ídolos em diversos times.
O que é que está acontecendo com a sociedade? Que ela está doente, não existe a menor dúvida. Mas o que assusta é que aquela agressividade dos valentes de redes sociais, parece que está indo para as ruas. Todo mundo nervoso, procurando uma válvula para aliviar suas dores e angústias e descontando no próximo seu ódio cego. Não importa o motivo.
Chegamos finalmente à essência do “brasileiro cordial”, que Sérgio Buarque de Holanda definiu em seu livro Raízes do Brasil. Aquele “cordial”, não tinha a ver, como muita gente pensa, com simplicidade, amabilidade e gentileza de uma pessoa. Com o brasileiro bonzinho, camarada e amoroso.
Sérgio Buarque criou o conceito se referindo à raiz latina cordalis, que significa "relativo ao coração".
Brasileiro Cordial é aquele que age conforme a emoção, e não a razão.
Tome cuidado com ele.
No Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Va6BRDzcO6k
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