Nos anos noventa, ao mudar de escritório, comprei um cesto de lixo lindo e coloquei dentro dele todos os troféus e prêmios que havíamos recebido. E deixei bem na entrada do departamento. Muita gente estranhou, mas a mensagem era explícita: os êxitos do passado não garantem os êxitos do futuro. Mas fui mais longe. Outro dia, limpando minha caixa postal encontrei um e-mail:
“Olá Luciano. Sobre os livros apresentados, não tivemos sinalização positiva de nosso Conselho Editorial. Agradecemos sua atenção e estamos à disposição. Atenciosamente, Fulana de Tal”.
Era uma resposta de uma grande editora, que me havia sido indicada por um conhecido como uma possível editora para meus livros. O recado implícito do e-mail era:
“Luciano, seu trabalho não nos interessa”.
Formatei o e-mail bem bonitinho, imprimi e pedi para emoldurar. Minha assistente estranhou: “Pô, mas o conteúdo é negativo!” Pois é. Esse quadrinho pendurado na minha parede me lembrará diariamente que tem gente que não se encanta com meu trabalho, que o fracasso faz parte de meu dia a dia, que sou falível como qualquer ser humano. Que não estou com a bola toda. E cada vez que eu entrar em minha sala e encontrar o quadrinho, vou me sentir provocado e desafiado:
”Ah é, é? Vou mostrar pra eles!”
Isso é o que eu chamo de “celebrar o fracasso”: aprender com nossos insucessos, transformar os momentos em que quebramos a cara em novos pontos de partida. Receber um “não”, não como uma derrota, mas como um desafio. Inverter o sinal, transformando o que deveria ser um fator desmotivador, numa provocação capaz de incendiar meu espírito e – acima de tudo – me inspirar.
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