Quando digo que amizades verdadeiras não deveriam ser desfeitas por desavenças políticas, não nego a importância dessas desavenças. Nossas vidas serão dramaticamente afetadas pelas pessoas que escolhermos para exercer o poder. Quem nega suas convicções para não magoar os outros, submete-se às convicções desses outros.
É muito raro encontrar alguém que concorde 100% com nossas opiniões. A regra é que surjam sempre discordâncias, mas é preciso lembrar que ideias têm consequências. Existem certos valores íntimos que, se não forem compartilhados, impedem que uma amizade verdadeira permaneça. Ficam amizades supérfluas.
Me afastei de um amigo quando descobri que ele agia como um cavalo com a esposa. Me afastei de um amigo que virou sócio ao perceber que era um mentiroso contumaz.
Nossos credos, nossos valores jamais devem servir como desculpa para a falta de decência ou de empatia. Nossos credos e valores jamais devem ser postos de lado em nome da amizade. Mas se com valores não se mexe, é possível negociar com os credos. Ser flexível. Aceitar, até um limite, quem acredita em coisas diferentes.
É por isso que, no meio de uma limpa gigantesca, mantive amigos que defendem o socialismo ou passam pano para os criminosos que gerenciaram o Brasil por quase 20 anos, por exemplo. A amizade deles não é supérflua, vale mais que as crenças políticas.
Essa é a consequência boa da polarização do país: estamos valorizando as amizades que valem o tempo de vida que aplicamos a elas. E tempo de vida se valoriza não apenas em quantidade, mas em qualidade.
Não tenho tempo de vida para amizades supérfluas.
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