Em Janeiro de 2015 fiz uma experiência interessante: publiquei um dia inteiro só de posts com notícias boas no Facebook. Não foi fácil. As notícias boas estão perdidas no meio de desgraças, malfeitos e deslizes. É muito mais fácil falar do que está errado, das tragédias, incompetências e roubos nossos de cada dia. Poucos comentários, poucos compartilhamentos, poucos “likes”, aquelas postagens foram um fiasco, recebidas com ceticismo, ironia e desprezo. Sem falar na área de comentários, especialmente quando as notícias envolveram políticos.
Mas isso foi em 2015, num mundo que não existe mais. Agora a coisa piorou. Muito.
Após anos de condicionamento recebendo más notícias, quebrando expectativas, vivendo desilusões, nos transformamos no que somos hoje: uma sociedade desconfiada, cética, que sempre espera o pior. Quase não há mais espaço para o deleite, para curtir uma boa nova, para acreditar que alguém está fazendo algo bom. O otimista, o que acredita, o que confia no bom, no belo, no justo, é um otário. Ou, para ser mais moderno, é gado.
O pessimismo, isoladamente ou com moderação é útil, sim. Nos prepara para enfrentar problemas. Mas vivemos há mais de um ano uma situação ambígua, repleta de informações conflitantes e, pior de tudo, sem um horizonte. Se decidirmos abraçar apenas o lado negativo, terrível, será inevitável uma pandemia de ansiedade, depressão, distúrbios do sono, hostilidade, hipertensão e doenças cardíacas. Tudo isso está associado ao pessimismo crônico.
Aí os de sempre vão dizer: ah, Luciano, então você está dizendo que é para fingir que nada está acontecendo?
Não. Eu estou dizendo que precisamos equilibrar as coisas. Não é para negar o problema, mas é para dedicar um pouco de energia aos acertos, às boas atitudes, ao belo. Equilíbrio.
Mas como pedir equilíbrio numa sociedade histérica?
Versão no Youtube: https://youtu.be/dqowzAtMJhg
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