Seja raso. Não sofistique. Ninguém vai entender. Use um linguajar infantil, idiota. Faça apologia à ignorância. Aliás, use a ignorância como credencial. E se puder, arrume uma treta com alguém maior que você. Pronto. Dei a receita da comunicação nestes tempos de busca por cliques e aceitação rápida: a infantilização dos debates.
As consequências estão por aí.
E com nosso sistema educacional falido e os meios de comunicação ricos em fórmulas prontas, essa infantilização não ajuda a amadurecer os debates. Não estimula ninguém a crescer. E colabora para que a mediocridade seja não só mantida, mas incentivada.
- Vai, meu, escolhe rápido! Não pense muito, ou vão te atropelar!
E sob essa pressão, afundados na ignorância, incapazes de sair atrás de estímulos intelectuais, preferimos acreditar em verdades simplificadas e soluções milagrosas anunciadas por líderes mágicos. Aquela gente que viu a coisa. Infantilizados, passamos a interpretar os fatos com base em nosso reduzido repertório. Tiramos nossas conclusões superficiais e apressadas. Atribuímos nossas conclusões a um terceiro. E depois atacamos o terceiro por causa da conclusão à qual nós chegamos...
Repare como é, especialmente nas mídias sociais. Esta semana perdi um tempo precioso dialogando com um sujeito que entendeu o que eu não escrevi. Quando finalmente desisti e comentei que eu podia explicar para ele, mas não podia entender por ele, o sujeito respondeu:
- Obrigado pela forma carinhosa de me chamar de ignorante, nhééééééééé´...
Isso é familiar a você?
Pois é. Cada um entende como pode. Infantilizar o debate só piora a situação, criando adolescentes de trinta, quarenta, cinquenta anos.
Cara, não dá pra crescer assim.
Versão no Youtube: https://youtu.be/aLOpCdDJGdc
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