Aug. 21, 2020

Cafezinho 309 - O surfista

Cafezinho 309 - O surfista

Encontrei um texto de 2016 que me parece mais atual do que nunca, especialmente se você aplicar a ideia às discussões políticas que infernizam nossas vidas atualmente. Olha só. Lembre-se, hein, o ano era 2016:

Outro dia chamei um Uber e me surpreendi quando chegou um carro preto com placas vermelhas. Perguntei ao motorista, o Vagner, o que era aquilo e ele me disse:

– Eu sou Uber, sou Táxi Comum, sou 99, sou Easy Taxi, sou qualquer sistema de transporte que o senhor conhece. Tudo regularizado, com as licenças necessárias. Trabalho com qualquer um.

E eu perguntei:

– Ué, mas você tem taxímetro?

E ele:

– Tenho e uso conforme o chamado que eu atendo. Comigo não tem tempo quente.

De novo eu:

– Pô, mas você gastou dinheiro pra ter tudo isso, não foi?

E ele:

– É. Mas eu acredito que vou compensar com o volume de trabalho que eu consigo. Posso pegar até cliente na rua. E não corro risco de ser atacado pelos que não querem o Uber, afinal, eu sou um taxista regularizado.

Confesso que eu não entendi muito bem, não sei se um carro preto com placas vermelhas pode ter taxímetro, mas uma coisa ficou na minha mente desde aquele dia: no meio do tiroteio o Vagner fez uma escolha, em vez de optar por um lado ou outro, abraçou aquilo que todos os lados têm de melhor.

Em vez de nadar contra a onda, o Vagner está surfando nela.

Isso é que é ser disruptivo.

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